FREGUESIA DE GONDOMIL
INFORMAÇÃO SUMÁRIA
Padroeiro: S. Cristóvão.
Habitantes: 301 habitantes (I.N.E. 2011) e 417 eleitores em 05-06-2011.
Sectores laborais: Vinicultura, pecuária e pedreiras.
Tradições festivas: Santa Rita.
Valores Patrimoniais e aspectos turísticos: Igreja Paroquial, capelas de Santo Estêvão e Sto. António, Ponte Romana, Relógio de Sol, Lugar de Silhães e alto de S. João.
Gastronomia: Sopa seca e carneiro à Gondomil.
Artesanato: Alfaias agrícolas.
RESENHA HISTÓRICA
O topónimo Gondomil parece ser de origem germânica: provém do antropónimo Gontemiri “villa” de Guntemirus, embora o povo atribua a sua origem ao termo “gois-mil” ou “godos-mil”, que significa uma povoação com mil godos, esse aspecto, portanto leva os historiadores a afirmarem ser muita antiga esta terra. A atestar essa antiguidade temos ainda os topónimos, Crasto e Outeiro das Lajes. O primeiro a lembrar as civilizações castrejas e o segundo a possibilidade de Lajes serem alusivas a pias funerárias. Ainda, a confirmar a seu passado, temos a ponte romana a lembrar essa época distante.
Acerca da história desta freguesia transcreve-se na integra o que nos informa o livro ” Inventário Colectivo dos registros Paroquiais Vol. 2 Norte Arquivos Nacionais /Torre do Tombo ” : « Em 1320, no catálogo das igrejas, mandado elaborar pelo rei D. Dinis, para o pagamento de taxa, São Cristóvão de Gondomil foi taxada em 110 libras. Pertencia ao arcediagado de Cerveira.
Em 1444. D. João I conseguiu do papa que este território fosse desmembrado do bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta, onde se manteve até 1512.
Neste ano, o arcebispo de Braga, D. Diogo de Sonsa, deu a D. Henrique, bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho.
Em 1513, o papa Leão X aprovou a permuta. No título dos rendimentos dos benefícios eclesiásticos da comarca de Valença, organizado entre 1514 e 1532, sendo arcebispo D. Diogo de Sousa, Gondomil rendia 46 réis.
Enquadrava-se no julgado de Coura e Fraião.
No Memorial leito pelo vigário Rui Fagundes para a avaliação dos benefícios eclesiásticos da comarca de Valença, organizado entre os anos de 1545 e 1549, sendo arcebispo D. Manuel de Sousa, São Cristóvão de Gondomil enquadrava-se na terra do couto de Sanfins e era anexa do mosteiro de Sanfins.
Refere-se neste mesmo documento que a vigairaria de Gondomil valia 10 mil réis.
No Censual de D. Frei Baltasar Limpo, redigido entre 1551 e 1581, diz-se que a capela de São Cristóvão de Gondomil era curato anual da apresentação do Colégio da Companhia de Jesus de Coimbra e, depois, da Universidade. Em termos administrativos, pertenceu, em 1839, à comarca de Monção e, em 1852, à de Valença.»
FREGUESIA DE SANFINS
INFORMAÇÃO SUMÁRIA
Padroeiro: S. Felix.
Habitantes: 163 (I.N.E. 2011) e 169 eleitores em 05-06-2011.
Sectores laborais: Agricultura, pecuária e extracção de granito.
Tradições festivas: Santo Ovídio, S. Félix e Senhora dos Remédios (1.º domingo de Maio).
Valores patrimoniais e aspectos turísticos: Mosteiro de Sanfins, capelas de Nossa Senhora dos Remédios e de Santa Ana Miradouro de Santo Ovídio e lugar de Melim.
Gastronomia: Cabrito à Sanfins.
ASPECTOS GEOGRÁFICOS
Esta é uma das freguesia que se encontra em uma região montanhosa sendo possivelmente a mais alta do concelho de Valença. A cerca de dez quilómetros de Valença, a freguesia de Sanfins estende-se por uma área de 850 ha. Os seus limites geográficos estão assim estabelecidos: a norte, com as freguesias de Verdoejo e Friestas; a poente a freguesia de Ganfrei e Gandra; a nascente, a freguesia de Gondomil e a sul, com a freguesia de Taião. É formada pelos seguintes lugares: Quebrada, Martim, Melim, Belga, Eiras, Friestas e Soutelo.
RESENHA HISTÓRICA
O nome Sanfins derivará, segundo se crê, do nome do seu padroeiro — S. Félix — e de uma ermida que lhe era dedicada e seria guardada por um monge beneditino.
No século VI, por ordem de S. Rosendo, era erigido o mosteiro beneditino de Sanfins.
A história desta paróquia está associada à do mosteiro beneditino de Sanfins.
Este mosteiro, de origem remota, data do início da monarquia lusitana. Teve carta de couto de D. Teresa e D. Afonso Henriques, em 1134.
Nas Inquirições de 1258, os moradores de Sanfins não eram obrigados a ir à guerra, a não ser que o rei estivesse lá em pessoa, mas tinham a s eu exclusivo cargo a defesa do vau de Carrexil — se “guerra vier entre Leão e Portugal, o abade deste devandito mosteiro, com todo o seu couto, tem de guardar com armas o vau de Carexi” —e por isso gozavam de diversos privilégios.
Desde então, os abades passaram a seus senhores, no temporal, e bem assim, no espiritual. Nas justiças, era da jurisdição do couto de Coura, a que esteve unida até o reinado de D. Sebastião.
No século XIII tinha como anexas as igrejas de São Mamede, Gondomil, Taião e Verdoejo. Era do padroado real e tinha direito de apresentação em várias outras.
Em 1320, foi taxado em 1100 libras. Possuía muitos bens e gozava de numerosos privilégios.
Em 1542, D. João III conseguiu que seu filho, o Infante D. Duarte fosse nomeado comendatário do mosteiro. Após a morte deste, no ano seguinte, procurou anexá-lo ao Colégio de Jesus de Coimbra, o que obteve de Paulo III, em 1548.
Em 1545, D. João III doou o couto e o mosteiro à Companhia de Jesus, para fundarem o seu colégio, em Coimbra, tendo o papa Paulo III confirmado esta doação em 1548, compreendendo as actuais freguesias de Boivão, Gondomil, Friestas, Sanfins e Verdoejo. Do imponente e majestoso convento românico de Sanfins, construído e reconstruído numa paisagem rude, em que o verde escuro do arvoredo contrasta com o cinzento dos gigantescos afloramentos graníticos, sobram apenas vestígios, derrocadas e a velha igreja, na sua pureza primitiva.
Em 1546, foi avaliado em 180 réis, conjuntamente com as suas igrejas anexas.
Em 1550, foi confirmada a anexação e, em 1554, a Companhia de Jesus veio a tomar posse do mosteiro, ficando a sustentar o seu cura.
Com a extinção da Companhia de Jesus, os bens passaram para a Universidade de Coimbra, em cujo Arquivo se guarda muita documentação deste mosteiro.
As alterações que sofreu através da sua história transformaram a parte conventual, não deixando, no entanto, de manter relativa pureza de linhas.
A igreja medieval é, por sua vez, um dos monumentos românicos em solo nacional melhor conservados. Com uma só nave, muito alta e estreita, quase com a mesma largura da cabeceira, oferece um espaço quase só reservado à comunidade monasterial. É de uma construção muito cuidada. Apresenta uma esplêndida cachorrada, esculpida com temas animalescos e vegetais, e uma forte cabeceira redonda, em dois tramos, onde se adensa a decoração arquitectónica, do estilo da escola da Sé de Tui e de Ganfei. No tímpano ocidental, há gravada uma serpente apotropaica. Tal como a vemos hoje, é uma construção que se deverá situar na transição do século XII para o XIII.
Erecta em pequeno outeiro, que se destaca na paisagem agreste, a igreja de Sanfins é, além do mais, um sugestivo miradouro com panorama de sonho.
Também do miradouro de Santo Ovídio se pode observar o outro lado do vale do Minho, sobre Espanha e Monção. Neste alto, acredita o povo, há um penedo onde se ouve o ruído do mar e existe uma linda capelinha, que merece visita atenta.
Igualmente situada num local aprazível, rodeada de enormes penedias, a capela de Nossa Senhora dos Remédios funciona como igreja paroquial. Aqui têm lugar as tradicionais festividades em honra de Nossa Senhora dos Remédios, no primeiro domingo de Maio (Festa Grande) e no segundo (Festa Pequena), a elas acorrem muitos devotos e romeiros da localidade, das freguesias vizinhas e até do concelho de Monção.
Longe do protagonismo desempenhado nos primórdios da nacionalidade, algo vazia e muito isolada do resto do concelho, Sanfins guarda, ainda assim, os seus encantos. O seu casario em pedra, tipicamente minhoto, faz esquecer o mundo agitado para lá do monte. As suas gentes, simples e humildes, dedicam-se à pequena agricultura e à criação de gado. Daqui sai o famoso e tradicional cabrito à Sanfins, tão apreciado por todos quantos visitam o concelho.
O jornal Frontera Notícias fez uma publicação em 04.06.2010 que apresentamos aqui em PDF
( Fontes consultadas: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, Inventário Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo e Freguesias Autarcas do Século XXI).